quarta-feira, 12 de novembro de 2014


O silêncio ensurdecedor


Em um  dia frio de outono, eu estava submersa por água quente dentro de minha banheira, e para esquecer que a realidade monótona e fria existia eu mergulhei quase totalmente meu corpo deixando apenas nariz e olhos para fora. Naquele instante eu via a luz da chama que ardia na vela que deixava a penumbra mais interessante que qualquer pensamento que eu poderia ter naquele momento. Com os ouvidos submersos por toda aquela água eu me concentrei em ouvir o silêncio, mas meu coração não permitia. Ele batia como se fosse a canção da minha vida em um compasso  tão agradável como a mais doce melodia que já havia ouvido um dia. E me dei conta de que ele batia apenas por mim, e por mais ninguém no mundo, ele estava escasso de angústia, dor ou sofrimento. Não possuía ansiedade e ou qualquer outro tipo de sentimento que o fizesse cair em pranto. Dei por mim que possuía um coração vazio ou ausente, um coração que não podia ser magoado ou abandonado. Mas, aquele coração que batia tão docemente era sem dúvidas um coração cheio de sol, como um tesouro, transbordando de amor e cuidado para quem o conseguisse retirar daquele sono, que mais parecia eterno. O tal coração olhava para os lados, para trás e também para frente, mas não via, não sentia a presença de quem, de certo, ao seu lado tornaria aquela melodia perfeita em uma imperfeição composta pela beleza de ser dois a partilhar uma vida lado a lado. Porque ele sabia que não podia ser metade da laranja de ninguém, porque era um coração inteiro, e procurava apenas  quem também transbordasse completude.
Continues a bater coração, quem sabe um dia...

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