quinta-feira, 12 de novembro de 2015

 Pessoas racionais e relacionamentos

 
 
Se eu alguma vez na vida tive a certeza de que era para sempre? Não, eu nunca tive a certeza! Eu já passei dos 30, e a minha adolescência foi no século passado, onde ainda se namorava no portão e se apresentava o namoradinho aos pais. Sou da época que sair só era possível se fosse com o grupinho de amigos, nunca sozinhos. Tive longos namoros, e a maioria das minhas relações foram bastante saudáveis, acabaram quando tinham que acabar, mesmo que algumas vezes tenhamos esticado um bocadinho mais do que devíamos e nos magoado quando poderíamos ter seguido cada um o seu caminho sem lágrimas ou sem dor. Mas, ser racional, no que tange as relações interpessoais e afetivas, é algo difícil principalmente quando estamos apaixonados, e é tão bom estar apaixonado que nem queremos pensar em abrir mão de sentir o que sentimos quando nossos olhos cruzam o olhar de quem queremos. E assim ignoramos, muitas vezes, que aquela pessoa não é compatível. Seja no estilo de vida, ou no desejo do que se quer em termos relacionais naquele momento. Vamos ser sinceros, há momentos na vida que queremos casos e outros relações sérias. Então não adianta eu achar o homem da minha vida, aquele que encaixa em todos os requisitos dos sonhos, se eu acabei de sair de um relacionamento de cinco longos anos, e estou na fase do "eu quero descobrir quem eu sou", porque nesta fase ninguém, nem eles e nem elas, estão aptos para partilhar efetivamente a vida com ninguém!
Eu, ao longo da minha vida, fui pedida em casamento três vezes, e para não me estender detalhando os motivos singulares dos términos destes relacionamentos, posso resumir dizendo que a verdade é que eu não casei com nenhum dos três, simplesmente, porque eu sabia que não éramos compatíveis. Assim como fui embora da vida de pessoas maravilhosas, simplesmente pelo mesmo motivo!
Eu não acredito na máxima do "antes mal acompanhado do que só!", eu gosto de estar sozinha, gosto da minha paz, e se uma relação não me trouxer paz, sossego e segurança, eu nem penso duas vezes em sair de "mala e cuia" da vida da pessoa, sem olhar para trás. Acho, que a vida é demasiadamente curta para ser leviana com o coração dos outros, ou para permitir que sejam levianos com o meu. Carinho, respeito, amizade e desejo é, sem dúvida, no que deve imbuir-se uma relação. E não em desconfiança, insegurança, cobrança, entre outras "anças". E atenção, eu não estou a dizer que um relacionamento tem que ser perfeito, que não haja discordâncias, discussões, claro que há, são dois indivíduos que tiveram na vida educação distinta, cresceram em seios de famílias diferentes e viveram relações afetivas anteriores que lhes marcaram, e  até que se adaptem, leva um tempinho. Mas, uma coisa é fato, acreditem, se a  relação já chegou a fase do cobrar por atenção, carinho, ou simplesmente se confirma-se que não somos a prioridade na vida da pessoa, quando a relação já passou para o plano público e já há mais que meros meses de envolvimento, olhe para trás e encontre o momento onde pela primeira vez você pensou: "Eu deveria acabar aqui!". É, você deveria ter acabado ali, exatamente ali!
Ser racional não é ser uma pessoa cínica, não é desdenhar do sentimento dos outros, menos ainda não acreditar em relacionamentos. Pelo contrário, as pessoas racionais acreditam tanto em relacionamentos que não se permitem viver relacionamentos doentios, correm léguas de vidas problemáticas e histórias fadadas a um fim. Gente racional não anda procurando "a metade da laranja" ou a "alma gémea", procuram pessoas inteiras, prontas para se relacionar quando querem viver uma vida a dois. Pessoas racionais sabem que com diálogo e dedicação uma relação com uma pessoa compatível, quando há química e desejo envolvido, pode vir a ser um verdadeiro conto de fadas!